Profissionais apostam no prolancer, o freelancer profissional – Jornal Correio

Ficou para trás o tempo que profissionais sem vínculos empregatícios simplesmente atuavam como freelancers. A vez agora é dos prolancers, o freelancer profissional, que possuem um modelo mais autônomo e flexível como principal fonte de renda e motivação. 

Há um pouco mais de três anos, a designer Ana Sara Signori, 27, abraçou a atuação de prolancer integralmente. A decisão surgiu depois de algumas experiências frustradas como freelancer. “Era difícil cuidar de uma carteira de clientes, desde a prospecção até o financeiro, quando meu foco é o design”, lembra. 

Ana Sara se adaptou bem às rotinas de prolancer e diz que não pretende abrir mão das facilidades que esse formato traz para sua vida (Foto: Divulgação)

Ela diz que se encontrou profissionalmente no ritmo e nos desafios que ser prolancer proporciona. “Na minha visão, tenho o melhor dos dois mundos: dinamismo, flexibilidade e controle da minha renda, somados à estabilidade financeira e profissional”, garante.

A psicóloga organizacional e gestora de Recursos Humanos Aila Cardial diz que uma das principais vantagens de ser um prolancer é ser dono da sua própria carreira com autonomia e flexibilidade que permite trabalhar de qualquer lugar. “O networking também é enriquecedor. Outra vantagem é sobre a remuneração, que diferente do freelancer, é mais previsível devido ao fluxo de demanda”, complementa.

Aila Cardial destaca que o sucesso na função de prolancer dependerá de uma boa auto gestão dos aspectos que envolvem a função e a vida pessoal (Foto: Divulgação)

Aila lembra que entre os segmentos mais demandados para essa forma de atuação estão os profissionais de tecnologia, programadores, desenvolvedores, gestores de projetos e produtos. “O prolancer precisa ter uma boa capacidade de autogestão. Sem essa habilidade desenvolvida, a atuação profissional na área fica comprometida. Sobre a desvantagem, para alguns, está relacionada ao distanciamento resultante do trabalho remoto”, esclarece, pontuando que o contato mais próximo ainda é uma a necessidade para alguns profissionais.

Sêniors

Head de Produto e co-fundador da BossaBox, gestora desse tipo de trabalho, João Zanocelo garante que ser um prolancer significa contar com um modelo mais autônomo e flexível como principal fonte de renda e motivação. “Intermediamos toda a relação com o cliente, possibilitamos que o profissional trabalhe em uma equipe incrível, pagamos acima da média de mercado no CLT, temos projetos com empresas e tecnologias relevantes e oferecemos todo suporte necessário para que a pessoa cresça cada vez mais”, garante.

Na Bossa Box, João diz que conseguiu unir prolancers (freelancers profissionais) seniores de Produto e Tecnologia, desde os gerentes de produto, tech leads, designers de produto, QAs (Quality Assurance), DevOps e pessoas desenvolvedoras para atuarem em diferentes projetos, podendo ser uma discovery de produto (validação de hipóteses), desenvolvimento de novos produtos (Dual Track) ou a evolução de produtos já ativos,  sempre focando na construção de novos recursos, integrações e evolução durante o processo inicial ou final.

Para ele, o modelo de trabalho funciona apenas para aqueles que querem se desenvolver tecnicamente em uma disciplina e que prezam mais pela liberdade do que pela segurança. “Para algumas pessoas pode não ser o caminho profissional ideal ou eles podem se sentir inseguros com a imprevisibilidade natural desse formato de trabalho”, pondera, destacando que na Bossa Box, por exemplo, eles possuem um rigoroso processo de seleção, onde o profissional precisa ser sênior, ter uma disponibilidade de 20 horas semanais e atender as competências técnicas e comportamentais que a área de atuação exige.

João Zanocelo é enfático em garantir que a empresa não atua como a “chefe” dos prolancers. “Somos facilitadores, apoiadores e incentivadores e, por isso mesmo, nosso modelo de trabalho não gera vínculo empregatício, pois juridicamente falando não tem subordinação, habitualidade e onerosidade”, esclarece. 

Zanocelo pontua ainda que nesse modelo, os prolancers possuem liberdade para decidir onde irão trabalhar, durante quantas horas por dia, com que frequência, que possam garantir a renda extra necessária e entregar produtos de alta qualidade. “Temos inclusive muitos prolancers que atuam como CLT em empresas, e que buscam a BossaBox para que possam ter uma renda extra como PJ, se desenvolver cada vez mais, sem muita dor de cabeça”, completa.

Segurança jurídica

Aila Cardeal destaca que os contratantes de prolancers não precisam temer direitos trabalhistas e a segurança jurídica porque a contratação é feita por contrato, normalmente com prazos determinados. “Como freelancers, eles não são subordinados às empresas e devem cumprir o que foi acordado por contrato”, esclarece.

A psicóloga sugere que, na hora de contratar um profissional nesses termos, é preciso se atentar aos requisitos principais, avaliar o portfólio com cuidado e estar atento às habilidades, soft e hard skilsl bem desenvolvidas, além da expertise na área. “É recomendável fazer uma boa entrevista, buscar por referências e indicação também ajudam na hora de escolha. As empresas devem sempre formalizar os trabalhos  com esses profissionais através de contrato, que deixam claro as obrigações de cada parte, prazo e remuneração”, esclarece, reforçando que, por serem profissionais independentes, os freelancers não estão subordinados à empresa e as obrigações comuns aos funcionários CLT não se aplicam . 

Para quem deseja atuar no mercado, a dica da gestora de recursos humanos é reconhecer e desenvolver algumas habilidades essenciais, relacionadas as áreas específicas, a exemplo da organização, controle, disciplina, comprometimento e autoconhecimento.  “Além de elaborar um bom portfólio, estar conectado é fundamental. Existem muitas plataformas específicas para freelancers que oferecem oportunidades para diversas áreas de atuação e que montam times para os projetos para empresas, incluindo multinacionais, então essa é uma boa forma de conseguir trabalhos”, sugere.  

João Zanocelo chama atenção de uma comunicação clara na atuação do prolancer para que a carreira e o relacionamento com clientes e parceiros (Fotos: Luciano Alves/Divulgação)

João Zanocelo reforça que tão importante quanto ter anos de experiência em alguma técnica é saber se comunicar com clareza, por exemplo. “Estamos falando aqui de profissionais que entregam muita qualidade em pouco tempo, para isso o desenvolvimento de diferentes habilidades durante a carreira é extremamente importante”, finaliza.

5 passos para se tornar um prolancer

•    Entenda se o modelo funciona mesmo para você;

•    Coloque na ponta do lápis se a conta fecha, considerando seus objetivos profissionais, de vida e financeiros;

•    Se a resposta for sim, tenha um portfólio estruturado e saiba se vender;

•    Busque empresas que estejam em acordo com o que você está buscando e se candidate; 

•    Encontrar o primeiro projeto sempre é o mais difícil. Conforme você vai criando reputação, os próximos vão ficando mais fáceis.

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