De olho na próxima: Copa de 2026 dará início à nova era dos Mundiais – Jornal Correio

O hexa não veio e o sonho do título do Brasil parou, mais uma vez, nas quartas de final. O que resta é esperar quase quatro anos para a próxima Copa do Mundo. “Quase” porque a Copa de 2026 voltará a ser disputada no meio do ano (de 8 de junho a 3 de julho), mas essa não é a única mudança. Estados Unidos, Canadá e México irão sediar o primeiro Mundial em três países e que dará início a uma nova era da maior competição de futebol do planeta.

Aprovado pela Fifa ainda em 2017, o Mundial de 2026 passará a ter 48 seleções na disputa pela taça. A disputa com 32 seleções durou de 1998, na Copa da França, até a recente edição, no Catar.

Por mais que a Fifa não tenha declarado isso oficialmente, entende-se que a escolha de ampliar o número de seleções participantes fortaleceu uma candidatura tripla, que já vinha sendo discutida desde 2015. Com mais seleções, há a necessidade de mais estádios, hotéis, centros de treinamento e estrutura para receber os turistas.

Segundo divulgou a entidade, o próximo Mundial será dividido em 16 cidades, sendo a grande maioria delas nos Estados Unidos, que terá 11 sedes. Será a segunda edição em solo norte-americano e, dessas cidades escolhidas, cinco receberam a Copa de 1994. Los Angeles, San Francisco, Nova Iorque/Nova Jersey, Dallas e Boston foram há 28 anos – naquela época eram nove cidades. Em 2026, se juntarão a Atlanta, Houston, Kansas City, Miami, Filadélfia e Seattle.

Já o México, que sediará sua terceira Copa e se tornará a nação que abrigou mais edições (1970, 1986 e 2026), terá jogos na capital Cidade do México, em Guadalajara e em Monterrey. O Canadá ficou apenas com duas cidades: Toronto e Vancouver.

Fifa anunciou as 16 cidades-sede em junho de 2022 (Foto: Divulgação/Fifa)

Acima, em ordem, participaram do anúncio Vittorio Montagliani. presidente da Concacaf, Gianni Infantino, presidente da Fifa, Colin Smith, diretor de operações da entidade, e Bryan Swanson, jornalista e atual Diretor de Mídias e Relações da Fifa.

Entretanto, a próxima Copa não será a edição com mais cidades participantes. Em 2002, Japão e Coreia do Sul receberam a primeira – e única até agora – Copa do Mundo que aconteceu em mais de um país. Naquele ano, foram 20 estádios em 20 cidades no total, dez em cada país.

Na campanha do penta do Brasil, por exemplo, as sete partidas disputadas aconteceram em sete locais diferentes, sendo que os jogos da fase de grupos aconteceram em três cidades da Coreia, e os da fase mata-mata, em quatro localidades do Japão.

A efeito de comparação com o Catar, a Seleção Brasileira percorreu três cidades – Lusail, Doha e Al Rayyan – e visitou também três estádios diferentes em cinco jogos: o Lusail (homônimo à cidade), o 974 e o Estádio da Educação, onde foi eliminado para a Croácia nas quartas de final.

Vale ressaltar que, mesmo no caso de 2002, o deslocamento entre as cidades que abrigavam os jogos era relativamente curto, ainda que implicasse pegar aviões – no Catar, isso nem foi preciso. Mas, para 2026, a realidade geográfica das sedes é outra. E a fim de reduzir o impacto do trânsito entre as cidades, já que Estados Unidos e Canadá têm dimensões continentais, a Fifa dividiu as cidades em três zonas que abrigam sedes dos três países: Oeste (com cinco cidades), Central (seis), e Leste (cinco).

Com isso, uma seleção jogará só em cidades que fiquem dentro da mesma zona, o que facilita para os torcedores acompanharem a mesma seleção e evita também mudança de fuso-horário.

Formato de disputa

Mesmo com a divulgação dessas informações com antecedência, algumas respostas ainda precisam ser dadas pela entidade máxima do futebol. A principal delas é o formato de disputa da próxima Copa do Mundo, até porque isso impacta em todos os outros aspectos de logística, divisão dos jogos e venda de ingressos.

A ideia inicial informada pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, era que o Mundial tivesse 16 grupos com três seleções em cada. Mas a disputa no Catar parece ter aberto os olhos do dirigente para um outro caminho.

Na sexta-feira passada, o presidente da Fifa admitiu que a entidade vai rediscutir o formato de disputa do Mundial, principalmente por causa da emoção das últimas rodadas na fase de grupos com quatro integrantes.

“Quando anunciamos a Copa do Mundo com 48 times, decidimos que seria com 16 grupos de três. Mas preciso dizer aqui que vamos rediscutir isso. Eu preciso dizer que depois desta Copa do Mundo e do sucesso dos grupos de quatro… Os grupos foram incríveis, com emoção até o último minuto. Precisamos rediscutir o formato. Podem ser 12 grupos de quatro. Vai estar na agenda dos próximos encontros”, explicou Infantino ainda no Catar.

Número de seleções ‘cabeças de chave’ precisará aumentar em 2026 (Foto: Alexander Scheuber/Fifa/Divulgação)

Olhando para a ideia inicial, com grupos de três seleções, seria um formato já visto na histórias das Copas. Em 1982, que teve como novidade a participação de 24 equipes (antes eram 16), a segunda fase da Copa do Mundo envolvia quatro grupos de três, e os vencedores de cada grupo faziam a semifinal do torneio.

Mas mesmo que sejam mantidos grupos com apenas três seleções, os semifinalistas seguem fazendo sete partidas ao fim do Mundial. Isso porque seria criada uma nova fase chamada de 16 avos de final, antes das oitavas de final. Esse formato já é visto em competições da Uefa, como a Liga Europa, que também tem 48 times participando.

O modelo da Copa que agora chega ao fim, com 32 participantes divididos em oito grupos de quatro seleções, foi o mais duradouro na história, com sete Mundiais disputados nesse formato inalterado. Antes, entre 1934 e 1978, o número de seleções permaneceu o mesmo, 16, mas houve diversas mudanças na fórmula de disputa. De 1982 a 1994, foram 24 equipes. E em 1930, a edição inaugural contou com 13 seleções.

Novas Eliminatórias

Outro impacto causado com o aumento para 48 países é que o número de vagas distribuídas nas Eliminatórias para a Copa também vai crescer. A Europa, que já era o continente com mais representantes, sai de 13 para 16 vagas diretas; América do Sul, de quatro para seis; América do Norte, de três para seis; África, de cinco para nove; Ásia, de quatro para oito; e a Oceania, que não tinha vaga direta, ganha uma.

Entretanto, a repescagem intercontinental será disputada por um representante de cada continente, com exceção da Europa que terá apenas a classificação direta. Isso significa que, além das vagas listadas acima, dois continentes terão uma vaga a mais, por causa das seleções que classificarem na repescagem.

Na América do Sul, a disputa das Eliminatórias terá início em março de 2023, e o Equador largará com três pontos a menos por causa de uma punição referente à escalação do colombiano Byron Castillo em jogos oficiais.

É provável que, após a definição do formato de disputa da Copa 2026, a Fifa seguirá avaliando se esse será o melhor caminho, e isso pode balizar a escolha das próximas sedes. Para 2030, por exemplo, já existem duas candidaturas conjuntas, como Espanha, Portugal e Ucrânia; e Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Marrocos, semifinalista em 2022, havia se candidatado para receber o próximo Mundial e perdeu, mas ainda tenta o de 2030.

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