Brendan Fraser desponta como favorito ao Oscar por ‘A Baleia’ – Jornal Correio

Impossível assistir a um filme de Darren Aronofsky e permanecer indiferente depois da experiência. No mínimo, o espectador sairá da sala de exibição incomodado. E, muito provavelmente, bastante angustiado. É só se lembrar de Réquiem Para um Sonho (2000) ou Mãe! (2017). Com A Baleia, que estreia nesta quinta-feira (23), tudo indica que a história se repete: nas redes sociais, o drama tem dividido opiniões, mas é difícil encontrar alguém com uma postura neutra.

No filme, Brendan Fraser interpreta Charlie, um homem com obesidade severa que não consegue sair do sofá. Professor de literatura, ele precisa se confrontar com seu passado, que envolve uma filha adolescente (Sadie Sink) e sua ex-mulher (Samantha Morton). O roteiro é escrito por Samuel D. Hunter, baseado em sua peça homônima.

Fraser foi muito popular entre o fim dos anos 1990 e o início deste século, quando estrelou sucessos como a franquia A Múmia e Crash – No Limite, vencedor do prêmio de melhor filme no Oscar 2006. Mas nos anos seguintes o astro até então promissor entrou em decadência. Agora, voltou a evidência e tem tudo para vencer o Oscar de melhor ator no dia 12 de março.

Hon Chau concorre ao Oscar de atriz coadjuvante pelo papel de uma enfermeira

Mas Aronofsky revelou em entrevista ao Estado de S. Paulo que esse retorno, que pode representar a volta de Fraser ao estrelato e, mais que isso, o reconhecimento da crítica, não foi algo planejado: “Eu já era um adulto interessado em outro tipo de cinema, como o de Akira Kurosawa, quando Brendan Fraser estava fazendo A Múmia. Fora isso, eu nunca o vi em George, O Rei Da Floresta, nos cinemas. O ‘hype’ em torno dele cabe a outras gerações, que não a minha”, diz Aronofsky, de 54 anos.

Para o papel, Fraser passou por uma profunda transformação, em um impressionante trabalho de maquiagem que o fez aparentar ter 270 quilos. A obesidade tem origem na morte do namorado: no luto, Charlie buscou refúgio em guloseimas muito gordurosas. Agora, quando dá aulas pela internet, esconde-se dos alunos desligando a câmera, para não revelar suas feições.

Charlie tem uma enfermeira particular, Liz interpretada pela americana de origem vietnamita Hong Chau, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante. Ela nota que a pressão do paciente atinge picos que anunciam sua morte. Nesse cenário, Charlie vai se reaproximando da filha adolescente com quem não tinha mais contato, Ellie (Sadie Sink). E ainda há a sua ex, a mãe da menina, vivida por Samantha Morton.

Para compor seu personagem, Fraser diz ter conversado com pessoas que sofrem de obesidade como a de Charlie: “Percebi que, como qualquer um, elas querem ter suas histórias contadas, e serem tratadas de maneira justa e honesta. Isso tudo foi um impulso para me levar à autenticidade do personagem”. “Preconceito contra obesidade é uma das últimas fronteiras das maneiras de uma pessoa menosprezar a outra. Muitas vezes, as pessoas do tamanho de Charlie são invisíveis, vistas apenas por suas famílias e cuidadores. É uma forma de silenciamento”, lamenta o favorito ao Oscar. 

Oscar

Brendan Fraser, aos poucos, se consolida como favorito ao Oscar de melhor ator deste ano, mas terá um adversário bem incômodo, tudo indica: Austin Butler, pelo papel-título em Elvis. Butler derrotou Fraser no Globo de Ouro no mês passado, na categoria drama. Na categoria comédia, Farrell, que também concorre ao Oscar, foi imbatível. 

Colin Farrell em Os Banshees de Inisherin

Há ainda dois azarões no Oscar: Bill Nighy, por Living, e Paul Mescal, por Aftersun. Nighy é um veterano inglês de 74 anos, que esteve em filmes como Simplesmente Amor e Piratas do Caribe e só agora consegue sua primeira indicação ao Oscar. Mescal, irlandês como Farrell, tem 27 anos e concorreu ao Bafta, o equivalente ao Oscar britânico. Ambos, assim como Fraser, perderam para Butler.

Mas, como a Academia tem uma queda por papéis excessivamente dramáticos e personagens sofridos, Fraser pode ser o favorito ao Oscar. Lebremos de casos como Daniel Day-Lewis (Meu Pé Esquerdo) e Tom Hanks (Philadelphia). Nas casas de apostas, Fraser tem uma pequena vantagem sobre Butler. 

No caso do ator de A Baleia, se você aposta R$ 1, recebe de volta R$ 1,90. Já a estrela de Elvis dá R$ 2,10 para cada real apostado. Explica-se: quanto maior a probabilidade, menor é o retorno. Por isso, Brendan é o favorito. A aposta em Farrell é de 7 para um; Mescal dá 34 para um e Nighy, 51 para um.

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