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Restaurante Universitário da Ufba mal voltou a funcionar e já acumula queixas – Jornal Correio

Após sete meses fechado por causa de uma crise de intoxicação alimentar em estudantes e funcionários, o Restaurante Universitário (RU) do campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) reabriu na sexta-feira (5) passada. Dois dias após o início das atividades, no entanto, já virou alvo de reclamações por falta de comida e atendimento ruim. 

No domingo (7), em meio aos transtornos causados pela greve de ônibus em Salvador, cerca de 70 estudantes saíram do RU de Ondina sem jantar, segundo levantamento realizado pelos próprios discentes que aguardavam do lado de fora pela refeição. Por causa do problema, o restaurante se tornou palco de um conflito.

Após aguardarem um hora na fila, os estudantes viram os funcionários do restaurante recolherem os alimentos e encerrarem o serviço sem aviso prévio. Revoltados com a situação, um deles questionou o motivo e foi informado que a comida havia terminado. A resposta não foi bem aceita e os estudantes tentaram entrar para questionar a administração. O que não conseguiram de imediato, pois um segurança foi chamado para contê-los.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que alguns discentes que já estavam dentro do restaurante abordaram um funcionário para pedir que a comida voltasse a ser servida, já que a segunda informação passada para eles foi de que apenas a proteína havia terminado. Nas imagens, um deles acusa os funcionários de prestarem um atendimento ruim. 

Além de os trabalhadores do RU alegarem não ter comida suficiente para atender a demanda, o restaurante foi fechado uma hora antes do término do expediente, às 19h. O que também foi questionado pelos estudantes que aparecem no vídeo.

“Estamos tentando conversar com você e você está sendo rude. A gente viu agora uma tigela grande de feijão e dá para distribuir para boa parte das pessoas aqui. Tem feijão, arroz, alface e salada de beterraba. Não tem proteína para todo mundo […] Estamos pedindo para não finalizar a cozinha e distribuir para as pessoas que estão aqui, porque a gente só está aqui querendo comer”, disse o aluno do vídeo a um funcionário do RU de Ondina.

João** foi uma das pessoas que saiu de lá sem jantar. Segundo ele, o funcionário que aparece no vídeo da confusão está em período de teste. Para o estudante, a empresa terceirizada que administra o restaurante atualmente também errou em deixar alguém despreparado para resolver a situação. “Ficamos uma hora na fila sendo que não havia necessidade, pois desde às 18h, quando chegamos, eles já sabiam que não havia alimento o suficiente para todos. Chegaram a remover o caixa para nos impedir de comer”, contou.

A reportagem teve acesso ao número de refeições servidas no dia da confusão. Ao todo, foram 570, destas, 400 no almoço e 170 no jantar. A Ufba não informou quantos alunos fazem refeições no RU diariamente. Mas, segundo os estudantes, a quantidade ofertada não é suficiente. 

Intoxicação alimentar

O restaurante de Ondina está aberto há apenas quatro dias. Ele estava fechado desde setembro do ano passado, após diversos alunos e professores terem tido intoxicação alimentar provocada pela comida servida no local. Segundo a Ufba, um laudo do exame realizado pela Vigilância Sanitária (VISA) comprovou a presença de microorganismos patogênicos no alimento, que podem ter sido a causa dos sintomas relatados pelos pacientes.

A universidade tem três Restaurantes Universitários em Salvador: nos campus Canela, São Lázaro e Ondina. O primeiro foi inaugurado na sexta e o segundo estava fechado desde outubro do ano passado, por irregularidades, e foi reaberto em abril. Todos são administrados por empresas terceirizadas diferentes, contratadas pela Ufba.

Na época do fechamento do restaurante de Ondina, a responsável pelo serviço na unidade  era a Acesso Restaurantes Ltda. Agora, a empresa que está à frente é a Meiodia Refeições Industriais Ltda. É papel da organização servir todos os dias da semana almoço e jantar por um preço mais acessível aos estudantes: R$ 2,50. Os que são bolsistas não pagam e têm prioridade em relação aos pagantes.  

Conforme comunicado pela Ufba durante a reabertura do RU de Ondina, o restaurante deve funcionar das 11h às 14h, para o almoço, e das 17h às 20h, para o jantar. De segunda a sexta, dias de maior movimento, a estimativa é de oferta de 2,7 mil refeições diárias, 1,2 mil aos sábados, 700 aos domingos e feriados. No domingo, no entanto, o local serviu 570 refeições.

Em nota, a Ufba lamentou o ocorrido, reconheceu a importância do RU para os estudantes e informou que o quantitativo servido no jantar (170 refeições), estava previsto em contrato e todos os alunos bolsistas foram atendidos. Já a demanda de pagantes foi maior que a prevista e superou a capacidade de atendimento. “Pois a proteína, componente principal da refeição, teve o seu estoque esgotado, restando apenas nas bandejas uma pequena quantidade de itens de acompanhamento”, diz o texto.

Ainda segundo a universidade, a Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (Proae) está monitorando o processo de implantação e início de operação do Restaurante de Ondina, assim como dos Pontos de Distribuição de Alimentos do Canela e de São Lázaro, visando a corrigir eventuais falhas e a melhorar continuamente o benefício. A reportagem entrou em contato com a Meiodia Refeições Industriais Ltda, mas um funcionário da empresa informou que não havia ninguém para prestar esclarecimentos no momento. 

Reunião

Após o problema ocorrido no domingo, os estudantes relataram a situação à pró-reitoria e ao Núcleo de Restaurantes Universitários da Ufba. Conseguiram agendar uma reunião com a gerência da Meiodia Refeições Industriais Ltda no restaurante de Ondina. O encontro aconteceu nesta segunda (8), às 15h, na sala 6 do RU. 

Além dos estudantes que presenciaram a confusão, estiveram presentes representantes da Proae e do Diretório Central dos Estudantes da Ufba (DCE). De acordo com Guilherme**, que participou do encontro, o gerente da empresa se comprometeu a evitar novos episódios prejudiciais para os alunos. Já a Proae irá formalizar as denúncias e reivindicações, e encaminhar para a Meiodia solicitando as melhorias.

Os estudantes pedem que haja um representante da Proae e da empresa no restaurante todos os dias, inclusive aos domingos e feriados, aumento na oferta de refeições diárias e tratamento cordial dos funcionários.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela  

**Os estudantes pediram para terem os nomes preservados por medo represálias 

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